A instabilidade e a impermanência do mercado, ambiente de trabalho, rapidez das informações, estados emocionais flutuantes, imprimem uma nova visão e uma releitura da carreira profissional  do homem contemporâneo. Requer  coragem?

Essa modernidade, consequentemente, altera as escolhas pessoais, fazendo gerar novas possibilidades profissionais, capazes de acolher um mundo globalizado e que leva o indivíduo a buscar seu estado de felicidade e autorrealização. Segundo as palavras de Zygmunt Bauman, em entrevista ao jornal  Globo, vivemos  uma terceira e relativamente nova organização, que ganha terreno no que eu chamo de modernidade líquida: uma forma de vivenciar a passagem do tempo que não é nem cíclica e nem linear, um tempo sem seta, sem direção, dissipado numa infinidade de momentos, cada um deles  episódico, fechado e curto, apenas frouxamente conectado com o momento anterior ou o seguinte, numa sucessão caótica. As oportunidades são imprevisíveis e incontroláveis.”    (http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia)

Com Bauman, podemos perceber que a ‘modernidade líquida’ está diretamente relacionada à brevidade, a um tempo caótico, fragmentado, ilimitado… Um tempo em que nossas decisões pessoais influenciam diretamente nas profissionais, ou vice-versa, cuja instabilidade é permanente. A busca pelo reconhecimento profissional, felicidade,  plano de carreira ou melhores salários, leva o indivíduo a fazer grandes alterações na sua trajetória profissional. A carreira que anteriormente era longeva dentro de uma mesma organização, hoje, tem um tempo de duração bem mais curto. Mudar de uma profissão à outra, embora praxe, atualmente, requer reflexões, análises, intrepidez, ousadia, resolução, afoiteza.

Segundo o site da Exame.abril.com.br/carreira/noticias, Janet  Napolitano (57), a oitava mulher mais poderosa do mundo, renunciou à Secretaria de Estado para Segurança Interna dos Estados Unidos para assumir a Reitoria da  Universidade da Califórnia – cargo este ocupado, durante 145 anos, por homens. Conforme explicitado na reportagem, em pesquisa realizada através do site da Forbes, Janet Napolitano não tem a experiência acadêmica necessária para o mais alto cargo da Universidade.  Embora sem essa vivência, como teve uma carreira pública de sucesso, sendo governadora do Estado do Arizona de 2003 a 2009 e posteriormente servindo ao Presidente Obama na Secretaria de Segurança Interna, Janet Napolitano, também com grande capacidade diplomática inquestionável, pode ter sido convidada a esse novo desafio porque a Universidade procurava minimizar as questões burocráticas na captação de recursos para a instituição por causa da tendência de alta das mensalidades. A reportagem não detalha as questões pessoais, tampouco o que está por trás de uma decisão tão importante. Mas o fato é que ela ocorreu.

Daniela Pucci (38), engenheira de computação, mudou o rumo de sua brilhante carreira, como a mais jovem professora do departamento de engenharia mecânica do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) pelo sonho de se tornar dançarina de tango. Formada pela Universidade Estadual de Campinas, concluiu um doutorado na Universidade de Stanford, cuja tese defendida foi  considerada a melhor realizada nos Estados Unidos em sua área de estudos.  Ela desenvolveu modelos matemáticos que podem ser usados para prevenção de riscos em operações financeiras.

Em entrevista para a Monica Weinberg da revista VEJA, (http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/17203/entrevista_daniela_pucci.html) conta que sempre foi perfeccionista, não admitindo nota menor que 10. Dedicada aos estudos e falando três idiomas, inglês, francês e alemão, viveu uma vida normal, dançava, jogava tênis e se relaxava com Clarisse Lispector. Comenta que os interesses paralelos e os hobbies  ajudaram na sua carreira – “O mercado valoriza a diversidade”. Como tinha base sólida, pois sempre estudou em boas escolas particulares, não teve problemas na Universidade de Stanford e afirma que  “quanto mais você convive com bons cérebros, melhor fica o seu próprio” diz Daniela Pucci na entrevista. Em 2006, depois de conhecer o dançarino de tango Luis Bianchi, atual marido, começou a pensar no tango de forma profissional –  “Percebi que era a dança que me fazia feliz”, diz.  Finaliza a entrevista com os seguintes dizeres: “A diferença é que hoje tenho a satisfação de fazer o que gosto e a liberdade de escolher como viver a cada dia”.

Mariá Giuliese, em seu livro “O Jogo da Transição – Sua Carreira em Movimento” (Ed. Saraiva), afirma que não há nada de errado em querer experimentar outro norte – “É importante olhar para si mesmo e descobrir o que está acontecendo.” Dessa forma, a redescoberta de novos caminhos, das possibilidades que emanam do interior de cada um, a força da energia vital, da coragem e da determinação que move tudo isso, faz com que essas mudanças de carreira aconteçam de forma natural, mais leve e feliz.

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